O ano de 2023 já começou e os produtores de rações, os agropecuaristas e demais produtores de insumos da cadeia do agronegócio já estão atentos às previsões para o setor, que deve passar por momentos de incertezas diante de um novo governo que inicia seus trabalhos agora, além, é claro, da desvalorização constante do real perante o dólar e da crise energética que ocorre na Europa.

Estes apontamentos foram divulgados pelo Sindirações, no encontro anual realizado com nomes importantes do segmento no final do ano. Na ocasião foram apresentados também os números alcançados em 2022. Vamos aos principais destaques apontados pelo CEO e demais representantes da organização que reúne os produtores de ração do Brasil.

Cenário positivo em 2022

Apesar de ter sido um ano conturbado quando analisamos o cenário político no Brasil e a situação financeira dentro e fora do país, podemos afirmar que os resultados de 2022 foram positivos para quem produz e vende rações animais.

Diante de um crescimento de 1,3%, o CEO da Sindirações, Ariovaldo Zani, destacou e parabenizou os empreendedores brasileiros pela resiliência diante de uma perspectiva pouco favorável no início de 2022 e que mesmo com todos os problemas envolvendo mão de obra, escassez de insumos e inflação, conseguiram fechar o ano de maneira positiva e contribuindo com quase 25% do crescimento geral do PIB brasileiro.

Números de 2022

Na divulgação anual o Sindirações destacou alguns números interessantes para serem analisados pelos produtores de rações animais. Entre elas está o crescimento de três segmentos bastante importantes, que são: alimentação de suínos, com aumento de 4% em relação ao ano de 2021, gado de corte, com 3% a mais e o setor de cães de gatos, com mais de 6%.

Em contrapartida, é preciso ligar o sinal de alerta para a produção de alimentos de animais leiteiros e poedeiras, que retrocederam 3% e 4%, respectivamente.

E de maneira geral, os dados apontam que até o começo de dezembro, data em que foram divulgados os números, o Brasil havia produzido aproximadamente 82 milhões de toneladas de rações, considerando todos os segmentos, que são: aves, frangos de corte, poedeiras, suínos, bovinos, leite, gado de corte, cães e gatos, equinos, aquacultura e outros.

Evolução do custo das rações

Como citamos anteriormente, a disparidade entre o real e o dólar afetou, e muito, o custo de produção das rações animais, em especial para aves e suínos. O reflexo disso, no entanto, é sentido por toda cadeia consumidora, ou seja, o fornecedor de matéria-prima vende para o produtor os insumos por um preço mais elevado, o produtor vende para o pecuarista ou consumidor final por um valor mais alto.

De maneira comparativa, o Sindirações elaborou um gráfico que mostra a evolução na alta dos preços dos segmentos citados acima (aves e suínos), analisando o preço por tonelada de ração nas moedas brasileira e norte-americana.

Gráfico retirado do Boletim Informativo do Setor – Dezembro/2022, disponível no site do Sindirações.

Enquanto o custo da ração aumentou 48% na moeda estrangeira, aqui no Brasil houve um crescimento de 120% no valor do produto. Por aqui, os maiores picos, desde 2019, foram notados nos meses de março e maio de 2022. Embora tenham fechado o ano em queda, os custos continuam muito elevados em relação aos Estados Unidos.

O que diz o Sindirações?

Já pensando nas perspectivas para o ano de 2023, o presidente do Sindirações, Ricardo Ribeiral, destacou uma preocupação a mais com a preservação do meio ambiente, tema este muito discutido em eventos sobre a preservação do ecossistema em todo o mundo. Para ele, é preciso estar dentro da pauta de conservação, independente do governo que esteja à frente no país e o agronegócio é extremamente relevante para a economia nacional, por isso, precisa estar alinhado com estas discussões.

Além disso, Ribeiral destacou o crescimento na produtividade causada pela tecnologia, “com tecnologia, a gente vem ganhando muita produtividade e temos condições de alimentar cada vez mais a nossa população e o mundo inteiro”.

É por isso, que os sistemas de otimização de custos e de análise de dados para diminuição de variabilidade para melhor aproveitamento de recursos estão se tornando cruciais para qualquer empresa, de pequenas as grandes corporações.

Expectativa para 2023

Para este ano, a recomendação da organização é a de cautela, isso porque é natural que quando há uma mudança de governo o mercado reaja de diferentes maneiras, até que todos entendam as novas políticas e se adequem a elas. Ariovaldo Zani definiu que no momento é de “certeza da incerteza”.

Além dessa mudança governamental, ainda existem as tensões envolvendo Rússia e Ucrânia, que desestabilizam a Europa desde o começo de 2022. Todos estes fatos resultam na projeção de crescimento do PIB brasileiro de no máximo 1%.